Há momentos em que você tem uma sequência de “flash backs” e se lembra de momentos importantes de sua vida.
Um pensamento que muito me influenciou foi o de um amigo já falecido. O único patrão que tive até hoje. Eu era estagiário. Ele dizia: “A independência custa caro, mas vale muito a pena”.
Após sair da faculdade quiz ser dono de meu destino e logo fui trabalhar por conta própria. Em pouco tempo já tinha aberto minha empresa de consultoria hoteleira. Isso faz mais de 27 anos. Eu era arrojado. Não queria fazer mais do mesmo. Eu queria criar algo diferente e era preciso porque o mercado era pequeno, os players eram internacionais e grandes e eu era jovem e desconhecido. Tinha que agregar valor e gerar minha própria demanda. Saí mundo afora tentando vender o Brasil no final da década de 80. Inflação nas alturas, política instável recém saída de um governo militar, moeda fraca, economia imprevisível. E eu tinha pouco mais de 20 anos.
Consegui. Logo no primeiro ano de empresa trouxe para o Brasil o Grupo Meliá de Hotéis. Veio o governo Collor. Dificuldades. Plano Real, suspiro. Depois, a ameaça Lula. Mais dificuldades. Mas todas vencidas com disciplina, honestidade e integridade. Valores recebidos de família e de padres húngaros que me educaram e que despertaram meu interesse pelo voluntarismo, tendo sido presidente do centro estudantil.
Seguiram-se vários outros troféus que trouxe para o Brasil, mesmo enfrentando boicote dos players locais que não queriam competição: SuperClubs (Jamaica), Sonesta (EUA), Howard Johnson (EUA), Tivoli (Portugal), Ramada (EUA), Days Inn (EUA), NH Hoteles (Espanha) e Red Roof (EUA). Até hoje há “oppinion makers” do mercado americano que me chamam de Mr. Brasil. Arrancam-me sorrisos de orgulho.
Várias crises vieram. Aprendi a não temer o futuro, pois acredito em destino e no livre arbítrio. Faça o bem e ele retorna.
Nas minhas andanças internacionais fui convidado a oferecer palestras na NYU. Queriam ouvir minha experiência de vida. Explicar o Brasil. Não sei como falei sobre o inexplicável. Gostaram. Tornei-me membro do advisory board em 1999. Tutor dos alunos brasileiros de hotelaria e turismo. Gosto de voluntarismo.
Isso me levou de volta à universidade. FGV convidou-me para lecionar no final do século passado. Aceitei. Havia me formado em Direito na USP, mas não exercia. Gostava do ambiente universitário. Fiz política estudantil. Saudades dos amigos.
Não se leciona sem estudar mais. Especializei-me em administração de negócios de turismo pela USP. Não parei. Segui o mestrado em Administração na Florida, EUA. Depois veio o doutorado em administração de negócios, também em Orlando. Meus filhos foram ver o pai receber o título de PhD, mas apenas a mim um professor revelou: “Agora você é um livre pensador.”
O que isso significa? Saber que há diversidade no universo. Do que é uno, mas diverso: “uno versus alia”. É onde vivemos. Tinha que ajudar a melhorar o mundo. Sabia que a unanimidade é burra, parafraseando Nelson Rodrigues.
Logo em seguida veio sondagem para ser Ministro de Estado. Início de 2014. Não poderia, pois não concordava com a filosofia do governo e minha empresa exigia minha presença. Lembrei-me do Corregedor Geral do Ministério Público Paulista, meu falecido padrasto: “Não há virgens no bordel”. Lembrei-me de meu único patrão: “Madeira de Lei não verga”. Recusei.
Difundir idéias é uma forma de ajudar os outros. Assim nasceu meu blog. A audiência pouco a pouco aumentou. Interação com os leitores me faz bem. Sinto-me útil.
Fui participar de discussões políticas, afinal o Brasil precisa de atenção. O povo largado à própria sorte. Os políticos cuidando de assaltar os cofres públicos. Grupos de interesses pressionando por mais privilégios em detrimento do povo. Banqueiros sendo cúmplices do sistema. Desorganização generalizada.
Achei que o envolvimento político fazia sentido. Aderi a um grupo já formado. Minhas convicções eram compartilhadas pelo grupo. Conquistei amigos.
Eles contestavam as lideranças. Lembrei-me de meus estudos de “leadership training” na Alemanha: Eu e mais 179 jovens de 90 países. 40 dias na Baviera. O professor alemão disse: “Um lider é sempre escolhido. Alguém pode financiar um movimento, mas a liderança será sempre escolhida pelos liderados.”
Afinal, todo rio deságua no mar. Se você constroi um dique e represa-o, ele encontra outro caminho.
O caminho da LIBERDADE.
Parabéns, Marino. História bonita de conquistas e aprendizados.
Obrigado, amigo. Espalhar os ares de Liberdade é nosso objetivo. Liberdade é a única virtude que pode sustentar a todas as outras. Ainda veremos o Brasil como país livre e fraterno. Vamos espalhar essas idéias. Abraços.
Caro Jose Marino, muito inspirador o seu post. O Brasil precisa de gente assim, honesta, preparada e com boas ideias!
Marcelo, ajude-nos a divulgar os ideais de Liberdade. Ainda veremos o Brasil um país livre e fraterno. Obrigado e abraços.
Tomara eu acerte a manejar tudo isso.
José Ernesto , eu já disse que vc constrói rodovias e não apenas pavimenta ruas, rsss, não estou errada !
Obrigado Isabel. Liberdade é um princípio que deve valer não apenas para inspirar os outros, mas para praticar nos ambientes onde frequentamos. Não há Liberdade em casa de tiranos. Abraços.