O PODER NO BRASIL

O homem, desde o princípio, foi obrigado a subjugar outros animais para sobreviver. Pela sobrevivência  foi obrigado a se defender de invasores subjugando-os com a vitória. O exercício do Poder sempre esteve relacionado à sobrevivência, subjugando ameaças.

Ao homem foi concedido o livre arbítrio e, em sua evolução, tem dominado a besta que vive dentro de si. Aboliu a escravatura, tornou a cidadania universal e limitou certos direitos individuais que feriam direitos de terceiros. Mas essa história ainda é muito recente perante vários milênios de barbárie que ainda é carregada no gene humano.

A história do Brasil é um reflexo disso.

Primeiro chegaram donos das sesmarias, espécie de zeladores com poder de polícia, que deveriam impedir ataques ao território conquistado. Depois, multiplicando interessados em defender a Coroa, foram enviados os colonizadores para retirar as riquezas da Colônia, instaurando o modelo de usurpação local para o Poder Central. Para sua proteção o rei implementou um círculo de beneficiários para lhe proteger: a nobreza e os amigos do rei.

Tributos eram exigidos dos colonos para sustentar a estrutura real que, quando foi deposta, viu o Príncipe se perpetuar no Poder Central, sem alterações da espinha dorsal do modelo.

Mesmo com o advento da República a estrutura dos amigos do Poder Central se perpetuou. Ideologias totalitárias apareceram e legitimaram os defensores do modelo, agora com o nome de Estado forte e desenvolvedor. Mas os adoradores do Estado totalitário tinham visões diversas: os comunistas defendiam tudo sob o jugo da classe trabalhadora representada por um grupo dominador e os fascistas permitiam pequena participação da iniciativa privada, desde que sob seu controle.

Assim adveio o governo militar em 1964 e, após o golpe de 1967, veio a escuridão. Estatais foram criadas, mais de 80% da economia ficou sob a dependência do Estado e as liberdades inexistiam.

O governo estabeleceu a burocracia sem controles, entregou poder a burocratas que aprenderam a gerar privilégios para si e para terceiros. O Estado se ampliou, os agentes do Estado se multiplicaram e a tradição brasileira de tolerância permitiu que a praga não tivesse repúdio.

Quando da redemocratização do país a estrutura do Estado poderoso estava implantada e sua perdularidade demandou retirada da riqueza alheia com a compensação de mais liberdade. Tributos foram criados sem limites. O Estado não parou de se agigantar e sua improdutividade se espalhou por todos os municípios do país levando a corrupção junto.

É nesse momento que chegamos ao país de hoje, repleto de agentes do Estado se locupletando do sangue e do suor do povo que não sabe como dar um basta, já que esses expoliadores da sociedade não permitiram instrumentos de controle ao povo.

A Federação é uma piada de mal gosto. Apenas a União Federal pode legislar sobre direito civil e criminal. A representação do povo é outra ficção porque os votos não são igualitários: um congressista do um Estado representa 20 mil cidadãos e de outro mais de 500 mil. Mesmo a representação direta inexiste já que o eleito não sofre ameaça do eleitor insatisfeito que pode ser conquistado em qualquer rincão.

E é nesse ambiente de descontrole e inexistência de representação do povo que o Poder no Brasil é exercido.

Está na hora de mudarmos o modelo.

Vamos devolver o Poder ao Povo!